Quando alguém tão grandioso viveu, este alguém tão grandioso sempre viverá.
RÉQUIEM ALTÉRNA.
São Jose foi pai adotivo
E era bastante criativo
Tive um em Campos Gerais
Que me ensinou a verdade
Colocou-me no caminho da caridade
Que não esqueço jamais
Era entre todos, o mais ativo.
Pouco estudo, mas educativo.
São Jose um simples carpinteiro
Foi chamado a ser o pai do filho de Deus
E o Cel. Geraldo Pereira também teve os seus
E era simples, mas exímio fazendeiro.
Homem de muitas amantes
Não gostava das fumantes
E tão pouco de mariposa.
Adorava uma donzela
Mas viveu sempre ao lado dela
Sua católica esposa.
Saudades das viagens
Das belas bagagens
Rumo a Aparecida do Norte.
Das fotos em frente à igreja
Dos fotógrafos na peleja
Oh! Deus porque existe morte?
Do Hotel Recreio
Na Santa que creio
No belo oratório
do frango assado
Do filé mal passado
No repleto e cheio refeitório.
Do branco fusca
Na incansável busca
Pela barraca do milho.
Do enjôo das meninas
Das belas campinas
Com tanto brilho.
Do leite matinal espumoso
Do barro branco famoso
Cheio de embaraços.
Do açúcar na caneca
Da vaca chamada boneca
E do Inhô com o laço nos braços.
Obrigado destino
Ajudaste muito meu atino
Pois, me destes dois pais.
Um aditivo natural
O outro biológico, não rural.
E um lindo País.
Com este atino repleto de esperanças
Todas carregadas de belas lembranças
De meu pai natural.
Com seus tortos passos
No primeiro cinema em Passos
Vendo um cultural
Do roncado de seu fusca
Da incansável busca
Na fazenda; o animal perdido.
Do cavalo celado
Do cabelo pelado
E o laço estendido.
Susto do queimado alazão
No fio de alta tensão
Com um bambu empinado.
Não sabia se corria ou olhava
As gotas que molhava
Nosso semblante de finado.
O peão com a saúde retida
Pela bota derretida
Ele com muita disfasia
Sofria de disforia, o coitado.
Lá estava ele deitado
Com muito disbasia.
Estava ele debaixo de uma seguóia
Contorcia-se igual jibóia
Foi a ultima vez que o vi.
Acabou sua saúde
Hoje descansa em um ataúde
Quando voltei, apenas o canto do bem-te-vi.
Em nossas andanças a cavalo
Passando perto de um valo
O alazão entrou num atascadeiro
Meu pai disse; cutuca a espora,
Vê se não demora
Pois, este alazão é rei de picadeiro.
Cuidado com sua reação
Amanha vamos fazer padreação.
Preciso dele inteiro.
Temos que apurar sua raça
Por isso vamos e deixe de graça
E não deixe cair o tinteiro.
De sua linda caneta de pena dourada
Ai começamos a ouvir uma estourada
O alazão assustado se arranca
Mas saiu um pouco estragado
Dei descanso e fui atrás do gado
Por uma estrada que ligava a Franca.
Era uma estrada de boiadeiro
Com formato de desfiladeiro
Por onde cavalguei com uma morena.
Que gostava de recado
Mais caia no pecado
Em noite serena.
Nas férias de julho ela usava cérica
Diziam que era muito rica.
Tinha o braço forte; mais delgado.
Apertava-me na hora do deleite
Devia beber bastante leite
Pois, seu pai era o rei do gado.
Meu adotivo ensinou-me a ciência
Da honestidade e da decência
Como também desencilhar
E tratar bem o animal
E a ninguém fazer mal
Para poder brilhar.
O meu biológico, sem convivência.
Não aprendi a amar; aparência.
O adotivo também à cilhar
Para eu encontrar a morena em noite termal.
Sabida, já fazia o normal.
E eu a dedilhar.
Sô Geraldo sempre uma Fênix
Sem o semi, eterna ônix.
Será sempre lembrado.
Vivia sempre afortunado
Não o vi a praticar o nado.
E nunca dar um brado.
Saudades do barro branco
Nas tardes pouco ronco
Do prestativo Inhô.
Do leite com açúcar na caneca
Da mimosa chamada boneca
Que me deu o sinhô.
Lembro-me do órfão potro
Que foi salvo pelo colostro.
E seu triste vagido
Nas noites frias
Encostando-se a outras crias
Acalmando seu ringido.
Jamais praticou o logro
Fostes para todos, exímio sogro.
Deixando todos bem.
Lado a lado fui muito feliz
Tornei-me um bom aprendiz
E me ajudou também.
Quanta paciência teve comigo
Além de tudo, foi grande amigo.
Apesar de saber que não era seu filho.
Para mim, jamais disse filho adotivo.
Mas que eu fosse muito objetivo
E não me meter em sarilho.
Não o vi deitado em seu ataúde.
Lembranças do Senhor só com saúde.
Pois este era o desejo meus.
Não suportaria ver acabado
O Homem que não gostava de babado.
Adeus Sr. Geraldo, Adeus.